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Júlio e a origem da compulsão


Júlio é uma criança de seis anos que ama sua mãe. Mas, tem uma mãe um pouco difícil. Tem dias que ele pede um abraço e a mãe o enche de carinho, no outro, a mãe briga, fala que está ocupada e que ele está atrapalhando.


Ele tem um problema complexo para lidar, sua mãe mostra pra ele uma ambivalência afetiva. ‘Ela me ama ou me odeia? Quer me dar amor ou brigar comigo?’ Só que uma criança não sabe lidar com problemas complexos, não entende essa ambivalência.


Ele precisa de acolhimento, mas tem medo. O instinto de apego está lá e diz para se aproximar da mãe, mas o medo também está lá e diz para ficar longe dela. E Júlio fica no meio desses sentimentos, vivendo em conflito, o que gera sofrimento e angústia.


Aí Júlio nessa experiência, de posso ou não chegar perto da mãe... está meio triste na cozinha, vê um bolo de chocolate e come o bolo. Ele sente prazer, um alívio, um quentinho no coração. Comer trouxe paz pra ele...


Mas, o conflito com a sua mãe continuou ali, não se resolveu. No dia seguinte a mãe está na versão amor, passa uns dois dias a mãe briga de novo. O que ele sabe? Que quando ele está com angústia, comer ajuda. Naquele dia não tem bolo, mas ele come um cookie.


Júlio está ensinando para o próprio cérebro que, diante de uma dificuldade complexa, comer traz alívio. Ele aprendeu uma resposta disfuncional. E essa resposta se automatiza para além da lembrança. Sempre que ele estiver em conflito, a resposta automática será comer!


Diante da angústia o prazer é uma resposta possível na infância, mas ele não resolve o problema. Nunca comer vai curar no Júlio a necessidade de abraço. O que resolve o problema é o que realmente a necessidade real pede.


Só que, na adolescência, Júlio começa a ter experiências mais complexas e a relação com a comida passa a ser substituída por prazeres mais potentes como o álcool, as drogas, a masturbação, a pornografia... Na vida adulta ele já aprendeu que precisa se anestesiar para não encarar seus reais problemas.


Respostas fáceis para problemas difíceis geram compulsão. Se você não consegue se relacionar, não consegue afeto, ou lidar com seus medos... qual é o caminho mais fácil? Beber? Usar drogas? Masturbação?


Qual resposta fácil você dá para os seus sentimentos difíceis, para os seus problemas complexos? Essa é uma história bem simples para ilustrar como os processos compulsivos se iniciam. Eles nascem da necessidade de resolver de forma fácil problemas que são muito difíceis.


Espero que esse post ajude vocês a entenderem como suas próprias compulsões podem ter começado e qual problema complexo você está tentando resolver de forma simples, com alguma compulsão.


Fez sentido para você? Ajudou a trazer reflexões para a sua vida? Compartilha comigo aqui nos comentários.


Bjpro6

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