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Foto do escritorCaio Graneiro

Dissecando: O medo de nunca merecer amor


Muitos homens gays até conseguem lidar bem com a sua sexualidade, mas ainda lutam com a vergonha internalizada e acreditam que não são dignos de amor.


Como já vimos, isso nasce lá na infância, mas é construído ao longo da vida. Por exemplo, na adolescência quando um menino hétero sai com uma menina ele é aplaudido pelos pais e pelos amigos. Ou seja, ele está sendo valorizado por aquilo que ele é.


Já o menino gay, desesperado para salvar sua vida social e para ser como os amigos, também sai com uma menina, ele também é aplaudido pelo pai e pelos amigos. Só que ele está sendo valorizado por algo que ele não é.


Então, o homem gay vai aprendendo que para ele ser aplaudido, para ter afeto, para ter aprovação, precisa mentir sobre aquilo que ele é. E isso aprofunda a experiência de não ser amado.


E muitos vivem isso até hoje. Tem lá os seus 35, 40 anos e continuam sendo aprovados por aquilo que não são. O que faz com que a sensação de rejeição, de vergonha, de não merecer amor, fique aprofundada.


Isso causa no homem gay a seguinte sensação: “Se essa pessoa me ver por inteiro, ela não vai me amar”. E quando a gente começa a fingir ser uma coisa que a gente não é por muito tempo isso gera sintomas.


Para tentar manter esse ‘falso eu’, desenvolvemos ansiedade, depressão, compulsões, racionalização, processos de dependência emocional ou desapego emocional...


Todas essas coisas nascem de um mesmo lugar, de uma marca da vergonha que começa na infância e que mesmo saindo do armário não se resolve, porque exige que a gente aprenda um processo de autoconhecimento e de autorregulação emocional.


E, principalmente, que a gente tenha coragem de trazer para fora tudo aquilo que nos foi ensinado que deveria ser escondido. É um processo difícil, de ter orgulho de si mesmo e que começa de dentro para fora.


Já adianto que não tem pílula mágica, pessoal! Ter orgulho de ser quem você é, poder se mostrar para todas as pessoas, e não só para o melhor amigo, poder usar a roupa ou o cabelo que gosta, e não o que é mais aceito pela sociedade, poder viver e experienciar tudo o que tem vontade, sem se preocupar com o que os outros vão pensar, não acontece da noite para o dia.


Mas, é um processo possível. Terapia, espaços terapêuticos, experiências de amor reparadoras são bons caminhos.


E se você quiser se aprofundar mais no assunto, o meu curso “Psicologia e Homossexualidade” também pode ajudar.


Bjpro6

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