‘Chuca’: mocinha ou vilã?

Ultimamente, tenho recebido muitas perguntas do tipo: ‘como fazer a chuca?’, ‘a chuca faz bem para o meu corpo?’... Eu não sou médico, então, não vou falar do ponto de vista biológico, mas gostaria de discutir com vocês o que tem de psicológico por trás dessa coisa da chuca. Vem comigo!
Primeiramente, para quem não sabe, a ‘chuca’ é aquele movimento de limpeza com o chuveirinho, uma mangueirinha, para lavar o seu ‘canal’ e conseguir fazer um sexo mais “limpo”. E é aí que entram as questões psicológicas.
Alguns homens mesmo na posição de passivos no sexo não conseguem ter relação sem fazer a chuca. Se eles não sentem que estão completamente “limpos” não consegue receber a penetraç@o. Muitos paralisam só de pensar que pode acontecer alguma coisa, não relaxam, não vivem a experiência.
O sex@ é uma coisa visceral, que envolve suor, baba, saliva, toque, cheiro... Claro que você não precisa transar se tiver com diarreia, mas não precisa ser asséptico. O cara que tá entrando lá no seu c@, sabe onde tá entrando e o que pode encontrar...
Parece que a gente quer tirar do sex@ toda a característica selvagem, sexual e pulsional. E é aí que vem o meu questionamento: Será que isso não tem a ver com a gente ter aprendido a vida inteira que o sex@ homossexual era feio, era sujo, era errado? Será que é por isso que a gente quer deixá-lo o mais limpo possível?
O sexo deveria ser um espaço pra gente poder ser livre, pra gente poder brincar, pra gente poder ficar à vontade, não pode ser uma neura. Tem um limite daquilo que é um autocuidado, um cuidado com o outro, daquilo que é uma neura e te impede de relaxar e aproveitar o momento de verdade.
Vai conhecer o seu corpo, vai saber o que você tem que comer que faz você sujar e o que não faz, descobre o que te deixa seguro, sem você precisar se violentar. E lá no meio do sexo, pare de se preocupar demais. Viva a experiência e se alguma coisa fora do esperado acontecer, vocês resolvem, se joga numa experiência de sexo livre!
Se você percebe que você ainda carrega esse estigma de que o sex@ gay é sujo, é feio, não pode isso, não pode aquilo, e se percebe que algo na sua cabeça te impede de se soltar no sexo, tá na hora de ir pra terapia, tá na hora de olhar, de cuidar e de tratar dessa homofobia internalizada, que está te impedindo de se soltar na relação.