Uma boa estratégia para sair da vergonha e ir para o orgulho é mapear os nossos lugares de vergonha. “Mas, como eu faço isso Caio?”. Se pergunte: – O que foi tirado de mim? – Como isso foi tirado de mim? – Por que isso foi tirado de mim?
É um processo longo, viu pessoal, não é em uma sentada que vocês vão mapear tudo. Mas, sempre que você tiver em uma situação de vergonha, ou quando você lembrar de fatos que aconteceram na sua infância e adolescência, pare, analise e se faça essas perguntas.
Para ficar mais claro, vou dar um exemplo que aconteceu comigo. Quando eu era menino, estava na igreja, cantando e louvando a Deus do meu jeito, e a minha mãe me deu um cutucão e falou: “Para de rebolar, moleque. Se mexe que nem homem!”.
– O que foi tirado de mim nessa experiência de vergonha? A minha liberdade de dançar, a minha liberdade de mexer o meu corpo da maneira que eu quiser, a minha espontaneidade de usar o meu corpo.
– Como isso foi tirado de mim? Por meio de um processo de violência, porque a minha mãe me deu um ‘safanão’ e me fez acreditar que a minha maneira de dançar era feia, era errada.
– Por que foi tirado de mim? – Porque a minha mãe achou que não era bom, porque para os padrões conservadores e tradicionais dela, me mexer daquela forma não era uma boa coisa.
Esse processo de mapear os lugares, não é simples, porque muitas vezes a gente nem lembra de todos os detalhes e não consegue encarar sozinho.
Por isso que é muito importante a gente ter um espaço terapêutico, uma rede de apoio para cuidar e avançar nesses processos, como a minha Comunidade Gays Conscientes.
Tentem colocar esse exercício em prática, pessoal. É super importante a gente mapear esses lugares e situações pra que a gente possa inaugurar novos processos e ter orgulho de quem a gente é de verdade, com todos os nosso defeitos e qualidades, com todos os nosso erros e acertos.
Bjpro6
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