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Meu rótulo de medroso


Muitos dos rótulos que recebemos na infância e adolescência nos fizeram acreditar que a gente não tinha um monte de coisas que a gente tem. E, talvez, você ainda acredite neles. E isso precisa mudar!


Vou dividir com vocês uma história pessoal... Durante muito tempo na minha vida eu fui chamado de covarde e medroso pelos meus pais, meu avô. E eu cresci acreditando que eu era realmente medroso.


Quando já era adulto e me assumi gay, eu pude acessar muitas coisas na terapia e passei a fazer coisas que eu gosto e que exigem muita coragem. Eu escalo, mergulho em lugares perigosos, faço trilhas em locais inóspitos, enfim, sou aventureiro.


Recentemente, um grande amigo meu, que é acupunturista, veio aqui em casa fazer ventosaterapia em mim. Minha irmã estava aqui em casa e viu meu amigo botando fogo na ventosa, colocando nas minhas costas e se surpreendeu.


“Nossa, eu nunca imaginei que o Caio teria coragem de fazer uma coisa dessas!”. Eu sou uma pessoa que faço trilha no meio do mato com bicho selvagem passando e minha irmã achando que a ventosaterapia ia me assustar.


Mas, por quê? Porque ela passou a vida toda ouvindo as pessoas falando que eu era medroso, e ela ainda acredita nesse rótulo que foi me dado lá atrás.


E eu mesmo acreditei por muitos anos, porque eu não sabia que eu tinha coragem e que eu poderia experimentar essa coragem. Só que a minha coragem não ia vir do nada! Eu nunca ia subir uma parede de 30 metros, se eu não subisse primeiro uma parede de um metro.


Eu não pude fazer essa exploração lá atrás, porque no momento que eu deveria estar descobrindo o mundo, eu estava ocupado demais escondendo as questões de gênero que poderiam denunciar que eu era uma criança atípica.