Quem navega pelas redes sociais já deve ter se deparado com conteúdo protegido por se tratar de um material potencialmente sensível para alguns usuários. O aviso serve como uma espécie de trava para não chocar certo internautas.
No entanto, um estudo sugere que a funcionalidade tem um impacto mínimo na maneira como as pessoas respondem ao material. Os resultados foram publicados na Clinical Psychological Science , uma revista da Association for Psychological Science.
"Nós, como muitos outros, ouvíamos novas histórias, semana após semana, sobre alertas de gatilhos solicitados ou apresentados em universidades de todo o mundo", diz o pesquisador Mevagh Sanson, da Universidade de Waikato, primeiro autor da pesquisa "Nossas descobertas sugerem que esses avisos, embora bem intencionados, não são úteis".
De acordo com o estudioso, é possível que funcionem como devem, ajudando as pessoas a administrar suas respostas emocionais e reduzindo seus sintomas de angústia. Mas também é possível que os avisos possam ter o efeito oposto, influenciando as expectativas e as experiências dos usuários.
"Achamos que era importante descobrir a eficácia dessas advertências", diz Sanson. "Este é o primeiro trabalho empírico examinando diretamente se eles têm seus efeitos pretendidos."
O estudo
Para resolver a questão, os pesquisadores conduziram uma série de experimentos com um total de 1.394 participantes. Alguns deles participaram on-line, onde foi exposto uma mensagem sobre o conteúdo que estavam prestes a ver, com o alerta: "o vídeo a seguir pode conter imagens de um acidente fatal. Você pode achar esse conteúdo perturbador ". Todos os participantes foram expostos ao conteúdo.
Depois, os usuários relataram vários sintomas de angústia - seu estado emocional negativo e o grau em que experimentaram pensamentos intrusivos ao tentaram evitar pensar no conteúdo visto. Ou seja, de certa forma o conteúdo chocou os participantes, mesmo com o aviso.
Os resultados em todos os seis experimentos foram consistentes: os avisos de cuidado tiveram pouco efeito sobre o sofrimento dos participantes. Portanto, os participantes responderam ao conteúdo de maneira semelhante, independentemente de terem visto a recomendação.
O formato do conteúdo também não fez diferença: os recados de acionamento tiveram pouco impacto, independentemente de os participantes lerem uma história ou assistiram a um vídeo.
Será que os recados são especificamente eficazes para aquelas pessoas que já experimentaram eventos traumáticos?
Segundo o estudo, houve pouca diferença entre os grupos. Em outras palavras, indivíduos com histórico pessoal de trauma que receberam o aviso virtual, relataram níveis semelhantes de sofrimento, assim como aqueles que não receberam o aviso.
Os pesquisadores observam que resta saber se esses resultados se aplicam a indivíduos com diagnóstico clínico específico, como ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático. No entanto, essas descobertas indicam que é improvável que os avisos de acionamento tenham o impacto significativo que eles normalmente supõem ter.
"Estes resultados sugerem que um aviso de gatilho não é significativamente útil nem prejudicial", diz Sanson. "Precisamos considerar a ideia de que o uso repetido deles encoraja as pessoas a evitar material negativo. Os avisos também podem comunicar para as pessoas que são frágeis, e persuadi-las a interpretar respostas emocionais comuns como sinais extraordinários de perigo", conclui.
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