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Foto do escritorCaio Graneiro

Como nasce a marca da vergonha em nós


Escuto de muitos pacientes que eles não têm vergonha de serem gays, mas que sentem que têm algo errado com eles, como se eles estivessem quebrados, como se fossem tóxicos.


Mas, como nasce essa marca? Essa experiência de que a gente ‘sai do armário’, mas a sensação de que tem algo errado com a gente não passa?


Isso começa lá na infância, pelo processo que chamamos de compartimentalização. A criança começa a entender que ela precisa esconder partes dela, porque tem alguma coisa nela que é errada, que é feia.


Ela vai aprendendo que se ela for quem realmente é, as pessoas não vão amá-la. E ela começa a ter vergonha e a esconder partes de quem ela é para conseguir ser amada.


É comum pensamentos como: “Se eu fosse diferente, meus pais iam me amar”, “Se eu fosse diferente eu teria mais amigos”, “Se eu fosse diferente a minha professora ia gostar de mim”...


Mas, como isso acontece quando o menino gay ainda é muito pequeno, isso cresce na base da compreensão que esse menino tem dele mesmo. Ele vai se compreender como alguém errado, faltante, que tem um vazio. E essa compreensão é carregada por todas as outras fases da vida.


Essas experiências de medo e de rejeição na infância e na adolescência vão criando na gente uma certeza de que nós não somos amáveis, não somos dignos de amor, e acabamos criando uma tendência a rejeitar o amor.


E todos esses sentimentos são consequências de uma experiência de não ter sido amado integralmente por quem a gente era lá na infância.


Para superar essa vergonha de ser quem nós somos é importante viver experiências de amor reparadoras, que te aceitem por inteiro. Encontrar espaços de intimidade que te permitam se revelar também pode ajudar.


A Comunidade Gays Conscientes pode ser um bom lugar para começar a se abrir, a entender suas dores e a aprender caminhos para inaugurar novos processos.

Bjpro6

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