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Autocuidado: na prática é muito mais difícil


Eu, você, todo mundo sabe que a gente precisa se cuidar, que precisa fazer as coisas pra gente mesmo, que não pode ficar dependendo dos outros pra viver, pra ser feliz. Mas, a teoria é muito mais simples do que a prática.


De modo geral, a gente aprende ou por cópia ou por experiência. Se eu não tive um pai ou uma mãe que cuidaram de mim e se eu não tenho pessoas na minha volta que se cuidam, como eu vou aprender a me cuidar?


A gente acha que se cuidar é uma coisa fácil, que é só ir lá e fazer. “A partir de hoje, eu vou me tratar bem, vou no meu restaurante favorito, vou ao parque...”. Mas aí, a pessoa vai ao cinema sozinha e fica triste, angustiada, olha em volta e parece que todo mundo é feliz menos ela.


Muitas vezes a gente sabe o que tem que ser feito, a gente até tenta fazer o que tem que ser feito, mas quando chega lá a experiência é tão ruim, tão angustiante, gera tanta ansiedade que a gente desiste.


“E por que isso acontece, Caio?” – Porque é muito difícil a gente cuidar da gente mesmo quando não temos repertório de cuidado. Ninguém nunca cuidou de mim, como eu vou saber o que eu gosto, o que me faz bem, do que eu preciso?


Cuidado é algo particular e específico. Talvez, você se sinta cuidado se eu te levar um arranjo lindo de flores ou um bolo cheio de cobertura, mas para uma pessoa que é alérgica a flores ou está de dieta, só vai parecer que eu não presto atenção nela. Percebem?


O cuidado é algo que a gente precisa viver na nossa pessoalidade. E o autocuidado só se dá quando a gente observa as nossas necessidades reais e particulares. Só que, desenvolver isso não é simples, ainda mais sozinho.


Por isso, volto a falar do Mergulho, o meu retiro só para homens gays, que acontece agora em abril. Lá é um lugar em que você será cuidado de perto, da hora que você acorda até ir dormir, para que você viva no seu corpo a experiência de ser cuidado de um jeito íntimo e particular e possa inaugurar dentro de você a capacidade de se cuidar.